
O futuro dos data centers da Oi.
A Oi vai adotar a solução de nuvem privada da Oracle dentro dos seus data centers, em um contrato de cinco anos que foi descrito pelas duas empresas como um “acordo inédito no mundo” e uma das maiores migrações de sistemas já realizadas na América Latina.
Em nota, a Oracle informa que a Oi irá consolidar centenas de bancos de dados em uma cloud privada Oracle, hospedada nos datacenters próprios da operadora.
Com a parceria, a Oi pretende reduzir custos operacionais de infraestrutura, energia e espaço físico e ampliar investimentos em outros pontos estratégicos da cadeia de operação dos seus serviços de telecomunicações.
“Estamos realizando mais um grande movimento estruturante, desta vez com foco na modernização da nossa TI, que é uma área essencial em negócios que requerem constante atualização tecnológica, como é o nosso caso”, afirma Eurico Teles, presidente da Oi.
A nota da Oracle não abre valores nem dá qualquer pista sobre o tamanho do contrato, falando apenas em “otimizar e simplificar a gestão de petabytes de dados e bilhões de transações processadas por dia nos sistemas da Oi”.
Em todo caso, o anúncio é uma virada e tanto para a Oi, que vinha há anos fazendo investimentos no seu próprio serviço de cloud, o Oi Smart Cloud.
O último anúncio relacionado a esse assunto foi uma parceria com a HPE e Ormuco, uma companhia canadense de software, para lançar o Oi Smart Cloud 4.0.
A solução é uma plataforma cloud baseada nas tecnologias Ormuco, OpenStack, Containers e Kubernetes que permite implementações gerenciadas de nuvens inteligentes e gestão de aplicações e dados dentro e fora do data center do cliente.
De acordo com o Tele.Síntese falou na época, a solução era resultado de um investimento de R$ 25 milhões da Oi para renovar seus serviços em nuvem.
Entre 2012, quando lançou o Oi Smart Cloud, e 2015, quando foi feita uma ampliação do data center de São Paulo, um dos cinco espalhados pelo país, a empresa gastou outros R$ 52 milhões.
Todas as operadoras brasileiras entraram no mercado de nuvem ao redor de 2012 e vem brigando para conquistar um espaço desde então. Muitas parecem ter se convencido que é hora de promover uma mudança de rumo.
Os data centers da Telefônica no Brasil, assim como outras estruturas do tipo pelo mundo, estão à venda, em um negócio avaliado em US$ 600 milhões que está sendo disputado por Brookfield, Digital Realty e Equinix.
A Telefônica tem 25 data centers em nove países, sendo oito deles na Espanha e três no Brasil. Um dos data centers brasileiros, inaugurado em 2012 em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, deve ser uma das jóias da coroa (os outros dois data centers brasileiros provavelmente são estruturas antigas).
O centro de dados paulista custou R$ 400 milhões na época, tem 33 mil metros quadrados e está em um terreno de mais de 70 mil. Em um vídeo triunfante divulgado na época, a Telefônica já projetava uma ampliação para 2019 no local.
Outros tempos. Em 2017, a Telefônica já sinalizou que não ia cumprir os planos de ampliar data centers no país, ao aumentar o uso do data center da T-Systems em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, desatando um investimento de R$ 20 milhões da multinacional alemã na expansão do local.
Dentre os outros players, pouco tem se ouvido sobre o assunto, sinal que talvez venham mudanças pela frente.
A Claro, através da Embratel, também tem data centers próprios no Brasil, onde pretende reproduzir seu posicionamento no México, em que disputa mercado com IBM, HPE e Sofftek desde que comprou a Hildelbrando em 2013.
Um dos principais desafios é superar a desconfiança dos compradores corporativos sobre a qualidade dos serviços.
A Frost & Sullivan fez uma pesquisa com 121 diretores de tecnologia de médias e grandes empresas do país em 2013, na qual 20% sustentou que não confiava no serviço fornecido pelas operadoras.
Empresas de data center sofriam a desconfiança de só 3% e os grandes players globais de TI, 3%.